O livro agora editado |
É conhecida a entrada de Bobby Fischer no panorama do xadrez mundial quando, com apenas treze anos, efectuou um jogo sensacional – um sacrifício ousado da sua dama e um bonito e bem pensado mate. Hans Kmoch, o árbitro deste encontro, imediatamente apelidou-o do "jogo do século" pelo facto da tenra idade do vencedor bem como pelos lances consistentes e admirados por todos ao longo de toda a a partida.
Decorria o ano de 1956 e Bobby, frequentador assíduo do Marshall Chess Club - um clube de elite situado em Manhattan com inúmeras lareiras, sofás e mesas de carvalho ricamente ornamentadas que reunia os melhores jogadores dos Estados Unidos -, tinha sido convidado a participar num torneio - O Rosenwald Memorial. O convite ficou a dever-se à vitória de Bobby no Campeonato Nacional enquanto júnior três
A única foto tirada no "Jogo do Século" mo- mentos antes do sacrifício da dama preta. |
Estavamos na oitava ronda e o seu adversário era Donald Byrne de vinte e cinco anos. Um mestre internacional e ex-campeão nacional considerado um destemido e agressivo jogador. Fischer ainda não tinha vencido nenhuma partida até ali mas já tinha empatado três e parecia estar cada vez mais forte a cada ronda, aprendendo com os Mestres e com as suas derrotas e já sabia como jogava o seu oponente daquela noite. Decidiu abordar o confronto de uma forma atípica - A Defesa Gruenfeld - com que Byrne não se sentia particularmente à vontade.
A folha original onde Bobby apontou os lances da partida. |
A ideia foi crescendo e materializando-se na mente do jovem jogador. Se Byrne capturasse a dama preta estaria perdido. Se não o fizesse estaria perdido da mesma forma- conjecturou. Byrne capturou-a e Bobby estava tão concentrado que não ouvia os murmúrios da sala comentando aquele lance. Cada movimento agora tinha a precisão de um dardo no centro do alvo conseguindo antecipar vinte ou mais lances. Foi o momento em que perdeu a sua inocência xadrezísta e abriu, definitivamente, estrada à sua evolução. Uma atrás da outra, as peças pretas iam materializando o seu domínio mercê de uma excelência posicional até que, ao 41º lance e no final de quase 5 horas de jogo, Bobby levantou a sua torre com a mão direita tremendo e colocou-a no tabuleiro : " Mate ! ".
Byrne ergueu-se e cumprimentou o vencedor. Apesar de estar do lado errado do tabuleiro, sabia que tinha perdido um dos melhores jogos de sempre e, desta forma, teria entrado para a história da modalidade.
Poucas pessoas aplaudiram para o aborrecimento dos outros jogadores cujas partidas ainda decorriam sem se terem apercebido do que tinha ocorrido mesmo ao seu lado...
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